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terça-feira, 24 de maio de 2011

NO TEMPO DA MARIA - FUMAÇA


"A história do bonde do Guarujá se confunde com a própria história da cidade", conta Ralph Mennucci Giesbrecht, em suas páginas na Internet alusivas a esse município, continuando: "Construída em 1893 para levar a alta sociedade paulista para suas casas de veraneio recém-construídas na praia de Pitangueiras, no Guarujá, a linha da Cia. Balneária da Ilha de Santo Amaro ligava o porto de Santos, via balsa, até a estação inicial de Itapema, e daí seguia para a estação final, em Pitangueiras.
No centro, a estação da praia de Pitangueiras, em cartão postal da década de 1950, tendo à esquerda o Morro do Maluf
No centro, a estação da praia de Pitangueiras, tendo à esquerda o Morro do Maluf
Foto: cartão postal da década de 1950


"A propriedade da linha mudou de mãos várias vezes, até se tornar estatal, em 1927. Em 1925, com a eletrificação da linha, bondes elétricos passaram a circular com as locomotiva a vapor. A linha seguiu funcionando ininterruptamente até a sua desativação, em 1956. Os bondes foram transferidos para a E. F. Campos de Jordão, onde trabalham até hoje, e uma de suas locomotivas está exposta na avenida Leomil, em Pitangueiras, no Guarujá".
Os bondes já foram mostrados em outra página desta série; vejamos agora as estações de parada desse misto de trem e bonde, usando um pouco da experiência do pesquisador Ralph:

A estação de Itapema e o bonde elétrico com reboque, sem data (foto: coleção do pesquisador Marcello Talamo, de São Paulo/SP)
A estação de Itapema e o bonde elétrico com reboque, sem data 
Foto: coleção do pesquisador Marcello Talamo, de São Paulo/SP

Conceiçãozinha - "A estação de Conceiçãozinha aparece em mapas ainda dos anos 50, mas não aparece na relação de estações do Guia Levi em 1953. Não consegui descobrir se a estação existia desde a inauguração da linha. Um das poucas referências a ela está no livro de Eduardo Etzel, O Guarujá e Eu: '... o trenzinho do Guarujá (...) nova partida e a viagem através do imenso mangue com uma única estação no meio'. Esta era a estação, na época num deserto, hoje cercada de casas simples e perto do terminal de cargas de Conceiçãozinha, que tem um movimento enorme de contêineres transportados por via marítima. Não sei realmente se algo ainda resta hoje da antiga estação".

A estação de Itapema e o bonde elétrico, sem data (foto: coleção do pesquisador Marcello Talamo, de São Paulo/SP)
A estação de Itapema e o bonde elétrico, sem data 
Foto: coleção do pesquisador Marcello Talamo, de São Paulo/SP

Itapema - "O dia da inauguração da estação de Itapema, em 2/9/1893, é relatado no livro de Waldemar Stiel, História dos Transportes Coletivos de São Paulo: '(...) (O trem da SPR, com várias autoridades) chegou a Santos às 13:30, e em bondes especiais dirigiram-se à Alfândega, onde tomaram o vaporzinho Cidade de São Paulo, a fim de atravessar o estuário. (...) Em Itapema tomaram o trem inaugural, que em pouco tempo passava em frente ao Grande Hotel (...)'.
"Também Eduardo Etzel, em seu livro O Guarujá e Eu, relata que, depois de atravessar a barca o estuário, vê 'do outro lado do estuário, a estação e outro trem: o trenzinho do Guarujá, com máquina de bitola estreita e dois vagões, o de carga e o de passageiros. Nova partida, e a viagem através do imenso mangue (...)'. Itapema é hoje o imenso distrito de Vicente de Carvalho, de população maior que o do próprio Guarujá, ao qual pertence. Não sei, realmente, se algo sobrou da antiga estação, desativada em 13/07/1956, juntamente com o bonde".

Estação do Guarujá, em 1905 (Foto: livro 'Lembranças de São Paulo-II', de Gerodetti/Cornejo)
Estação do Guarujá, em 1905
Foto: livro Lembranças de São Paulo-II, de Gerodetti/Cornejo

Guarujá - "A estação do Guarujá foi inaugurada com festas em 2/9/1893, e se confunde com a fundação da cidade, transformada em município em 1934, separando-se de Santos. '...o trem inaugural (...) em pouco tempo passava em frente ao Grande Hotel, entre entusiásticos vivas e aclamações, ao som do Hino Nacional, executado pela banda do Corpo Policial'. A estação original ficava em frente ao hotel, junto à praia das Pitangueiras.

Vista da varanda do Grande Hotel, a estação do Guarujá, à esquerda, ao fundo, em 1905 (Foto: livro 'Lembranças de São Paulo-II', de Gerodetti/Cornejo)
Vista da varanda do Grande Hotel, a estação do Guarujá, à esquerda, ao fundo, em 1905
Foto: livro Lembranças de São Paulo-II, de Gerodetti/Cornejo

"Eduardo Etzel, no seu livro O Guarujá e Eu, escreve que quando o trem se aproximava da estação, 'Por fim, uma rua com algumas casas, uma curva à direita e o mar visto através de um jardim, o Grande Hotel e finalmente uma simples estação'. Realmente, a linha chegava perpendicular à praia, pela atual avenida Puglisi, e no final fazia uma curva de 90 graus para a direita, para atingir a estação.

À direita, plataforma da estação do Guarujá em 1915 (Foto: livro 'Lembranças de São Paulo-II', de Gerodetti/Cornejo)
À direita, plataforma da estação do Guarujá em 1915 
Foto: livro Lembranças de São Paulo-II, de Gerodetti/Cornejo

"A estação durou lá até 1935, quando, já caindo aos pedaços, foi desativada e substituída por outra, a dois quarteirões da praia, na avenida Leomil. Um ano antes, parte do telhado da plataforma havia desabado. Logo que mudado o ponto de embarque, a velha estação foi demolida. (Fontes: Waldemar Stiel, História dos Transportes Coletivos de São Paulo, 1978; Guia Histórico do Guarujá, verão 2002).
"Com a deterioração da estação original do Guarujá construída em 1893 entre a praia e o Grande Hotel, foi necessário se construir uma nova, e o local escolhido foi outro: o antigo pátio de cargas do bonde, na avenida Leomil, a dois quarteirões da praia. Em 1935, a inauguração do novo prédio aconteceu e o velho foi desativado e demolido.

A estação nova e o bonde, em foto não datada da coleção do pesquisador Marcello Talamo, de São Paulo/SP
A estação nova e o bonde, em foto não datada
Foto: coleção do pesquisador Marcello Talamo, de São Paulo/SP

"A estação de Guarujá-nova foi ativa até 1956, quando, a 13 de julho, o tráfego dos bondes e da locomotiva foi paralisado definitivamente e a estação, desativada. Eu ainda me recordo dela, na esquina da avenida Leomil com uma das ruas que davam na praia, no início dos anos 80, fechada e abandonada, até que, por volta de 1982, foi iniciada a sua demolição. O prédio ainda ostentava o dístico: Guarujá", completa o autor da série Estações Ferroviárias do Estado de São Paulo.

A estação e o bonde, possivelmente na década de 1940 (Foto: Carl Heinz Hahmann)
A estação e o bonde, possivelmente na década de 1940
Foto: Carl Heinz Hahmann

Seu relato é completado por Antonio Augusto Gorni, em suas páginas EFBrasil (lembrando que tramway é a palavra inglesa para designar os bondes):
As praias do Guarujá são muito belas e, no final do século XIX, virtualmente desertas, já que o acesso à região era muito difícil. O acesso direto pelo continente, via Cubatão, somente foi viabilizado no final da década de 1960 devido ao terreno de mangue, que dificultava sobremaneira a construção de estradas estáveis. A opção mais viável de acesso ao Guarujá consistia em se atravessar o estuário em frente ao porto de Santos, atingindo-se Itapema, já na ilha de Santo Amaro, e daí seguir até a cidade do Guarujá.
Apesar das dificuldades de acesso, a beleza das praias do Guarujá fez com que o empresário Elias Pacheco Jordão fundasse, no final do século XIX, a Companhia Balneária. Esta companhia construiu o Grande Hotel de la Plage na praia das Pitangueiras. Logo o Guarujá se torna grande atração turística para brasileiros e estrangeiros.
Para facilitar o acesso dos turistas à nova estância em 1892 é iniciada a construção do Tramway do Guarujá - na verdade, uma pequena ferrovia - entre o porto de barcas de Itapema e a Praia das Pitangueiras, com extensão aproximada de nove quilômetros. Ela é inaugurada a 2 de setembro de 1893, numa solenidade que contou com a presença do presidente do Estado, Bernardino de Campos, além de outras autoridades. Os turistas que se destinavam ao Guarujá tomavam um pequeno vapor no porto de Santos, chamado Cidade de São Paulo, que atravessava o estuário até Itapema. Lá havia uma estação onde os turistas pegavam um trem a vapor que seguia até a frente do Grande Hotel, na praia das Pitangueiras.
O Tramway do Guarujá incluía também um pequeno ramal entre o Guarujá e a localidade de Santa Rosa, em frente ao bairro da Ponta da Praia em Santos, com extensão aproximada de três quilômetros. No final da década de 1910 esse ramal foi desativado, sendo construída uma estrada de rodagem. Em 19 de Janeiro de 1918 é implantado um serviço de balsas entre a Ponta da Praia e Santa Rosa, viabilizando o tráfego direto de automóveis entre Santos e o Guarujá. Estava plantada a semente que destruiria, quase quarenta anos depois, o Tramway do Guarujá. Contudo, a incipiente evolução rodoviária do país ainda lhe garantiu uma boa sobrevida. (...)
A eletrificação foi inaugurada a 11 de janeiro de 1925. Infelizmente, essa melhoria não impediu que a Companhia do Guarujá viesse a apresentar déficits crescentes, requerendo auxílio do governo estadual. Em 1° de Outubro de 1926 a Lei Estadual n° 2140 permite a encampação da Companhia Guarujá. Seus bens passam a ser propriedade do governo através do decreto estadual n° 4192, de 12 de Fevereiro de 1927. Foi então criada uma repartição municipal denominada Serviços Públicos do Guarujá que administrava, entre outros serviços, o Tramway do Guarujá. (...)
A 3 de julho de 1934 foi criada a Estância Balneária do Guarujá, evento que motivou a realização de melhorias no serviço do Tramway do Guarujá. Decidiu-se então construir uma nova estação e oficinas, localizadas agora na Av. Leomil, a dois quarteirões da praia. Elas foram inauguradas a 21 de dezembro de 1935.
Em 1952 foram realizadas novas obras de melhoria no Tramway Guarujá, mas sua situação vinha se tornando cada vez mais crítica devido à pesada concorrência das empresas de ônibus. A estrada de rodagem que ligava Santa Rosa, o ponto onde atracavam as balsas vindas da Ponta da Praia, até o Guarujá havia sido asfaltada. Dessa forma, os passageiros podiam seguir de Santos até o Guarujá sem precisar baldear para uma barca e, de lá, para o bonde; sem dúvida uma comodidade que aumentou decisivamente a competitividade do transporte rodoviário. O serviço de bondes acabou por ser interrompido a 13 de julho de 1956.

A Maria Fumaça, no pavilhão em que permanece exposta, em março de 2002
Foto: Agência Metropolitana da Baixada Santista (AGEM)/Unimonte

A famosa locomotiva Maria Fumaça ganhou honrosa aposentadoria, após 63 anos de atividades: conforme noticiava o jornal santista A Tribuna em 17/5/1959, seria inaugurada então a tenda onde ela ficaria exposta à visitação pública. O pavilhão está situado na Av. Leomil, esquina com Av. Puglisi, no Centro do Guarujá.

fonte:http://www.novomilenio.inf.br/guaruja/gh007.htm
postado por: Reviane

2 comentários:

  1. adoro saber do passado de onde moramos, sao verdades sobre os navios negreiros e sobre leomil o rico e poderoso na epoca, moro no pereque e os idosos a mais de trinta anos que estou aqui pergunta a eles algumas coisas boas e outras tristes, ainda existia a senzala os eucliptos calculei a idades destas arvores centenarias na minha conta somei 467 anos.ao ve-los derrubados fiquei triste, isso 2 dias antes das eleiçoes para prefeito, sei bem da data porque todos os dias passava por eles, e a civilizaçao tome conta das nossas historias do passado, acho que poderia preservar e fazer um ponto turistico alegraria uma pessoa as crianças das escolas mas guaruja enfim todas praias, as vegetacoes, tudo e lindo amo este ligar o meu passeio preferido e andar pelas matas rosana

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  2. adoro saber do passado de onde moramos, sao verdades sobre os navios negreiros e sobre leomil o rico e poderoso na epoca, moro no pereque e os idosos a mais de trinta anos que estou aqui pergunta a eles algumas coisas boas e outras tristes, ainda existia a senzala os eucliptos calculei a idades destas arvores centenarias na minha conta somei 467 anos.ao ve-los derrubados fiquei triste, isso 2 dias antes das eleiçoes para prefeito, sei bem da data porque todos os dias passava por eles, e a civilizaçao tome conta das nossas historias do passado, acho que poderia preservar e fazer um ponto turistico alegraria uma pessoa as crianças das escolas mas guaruja enfim todas praias, as vegetacoes, tudo e lindo amo este ligar o meu passeio preferido e andar pelas matas rosana

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