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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Tráfico de escravos no Guarujá
No século XIX a Ilha de Santo Amaro (Guarujá-SP) tornou-se entreposto de escravos e navios negreiros que atracavam assiduamente na Praia da Enseada, mesmo depois da proibição por lei para tal tráfico. Antes de atracar estes navios seguiam até praia do Tombo, próxima a Ilha da Moela e descartavam os escravos sem serventias. Os negros, já debilitados com a viajem, eram lançados ao mar e obrigados a nadar até a praia deserta; os africanos tinham a promessa de que estariam livres ao tocar em terra seca. Daí vem à lenda sobre as ondas bravias desta praia; é a revolta do Orixá Iemanjá pela impunidade daquelas mortes.



Os navios negreiros (ou ''tumbeiros'') arrastaram mais de 11 milhões de africanos para a América. As embarcações evoluíram de caravelas aos barcos a vapor, entretanto as condições de transportes e tratamento permaneceram as mesmas. Com a fiscalização da Inglaterra, autorizada por acordos internacionais, os tumbeiros passaram a ser menores e mais rápidos para não serem interceptados pela marinha inglesa. Como os Estados Unidos não autorizava essas vistorias, negreiros de várias nações hasteavam a bandeira americana para confundir os ingleses. Europeus, americanos e até negros se metiam no ''infame comércio''.

No princípio os negros traficados eram selecionados e a preferência eram os homens de 8 a 25 anos mas nos últimos anos, antes da abolição, tudo quanto se podia trazer fora trazido. Entravam nos navios os filhos vendidos pelos pais, o manco, o cego, o surdo, príncipes, chefes religiosos, mulheres com bebês ou grávidas. Os porões dos tumbeiros eram divididos em três pequenos andares com altura de menos de meio metro; acorrentados pelos pés, mais de 500 escravos se espremiam deitados ou sentados.


Segundo depoimentos de acusados e testemunho de ex-escravos colhidos pelo Reino Inglês:

Os tumbeiros tinham cerca de 20 tripulantes e apenas as crianças negras podiam circular livremente pelo convés, entretanto os pequeninos pulavam em alto mar porque acreditavam que seriam devorados; entre as fezes e temperaturas de até 55ºC, os africanos comiam apenas milho e bebiam meio litro de água por dia; grupos de escravos adultos eram levados para o convés e os obrigavam a fazer exercícios físicos para fortalecerem a musculatura durante a viagem, sob a ameaça da chibata, os negros tinham de dançar e cantar.


A área da praia e sítio Perequê até o rio Bertioga pertencia a Valêncio Augusto Teixeira Leomil que, entre outros negócios, contrabandeava escravos. Teixeira Leomil chegou a ser processado e condenado pelo crime de tráfico de negros escravos, porém ele fugiu do Brasil por alguns anos até a prescrição da sentença. Quando Teixeira Leomil retornou pediu à Câmara de Santos, em 1890, a concessão por 70 anos para instalar uma linha férrea no estuário de Santos até o Guarujá e à praia do Perequê. Poucos meses depois de obter a concessão, já a venderia à Companhia Balneária da Ilha de Santo Amaro, da qual seria Diretor Fiscal. Em nome desta Companhia, Leomil obteve duas grandes áreas de marinha para utilização e instalações da nova empresa. O velho Leomil viveu consideravelmente bem e só morreu em 1900, aos 82 anos de idade, sem pagar pelos crimes cometidos contra os negros sequestrados e mortos.
A capela conhecida, como capela dos escravos existente no Perequê era dedicada em louvor a São Pedro, e que para nossa tristeza foi destruida a marretada.

Fontes de Pesquisa: http://www.aeaguaruja.org.


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