Este é um blog criado pelos alunos do curso de História da Faculdade Don Domênico no Guarujá, sob a orientação do Profº Pós-Dr. Luís Vicente Ferreira e é destinado à postagem de temas relacionados à História em geral para que possam servir de material para consultas futuras destinadas ao planejamento de aulas e desenvolvimento de trabalhos acadêmicos.
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sábado, 9 de julho de 2011
segunda-feira, 6 de junho de 2011
sábado, 4 de junho de 2011
quinta-feira, 2 de junho de 2011
Ruinas do Forte São Felipe construído no século XVI junto com o Forte São João para proteger a entrada para a Vila de São Vicente (Santos). Hoje o local está em abandono pelas autoridades tendo o acesso livres para visitação e ficando vulnerável a depedrações, é triste ver a nossa história sendo deteriorada e não ser feito nada para impedir.
Fonte: Fotografia tirada em passeio aula prática com a 7ª 1 do Colégio Domingos de Souza do Guarujá-SP em Agosto de 2010.
Fonte: Fotografia tirada em passeio aula prática com a 7ª 1 do Colégio Domingos de Souza do Guarujá-SP em Agosto de 2010.
Azulelos português do século XVI que foram encontrados na restauração da Fortaleza da Barra no Guarujá e ao fundo parede em Sambaquis, materiais a amostra para visitação.
Fonte: Fotografia que foi tirada em passeio (visita) na Fortaleza da Barra com a 8ª 7 do Colégio Domingos de Souza em Agosto de 2010.
Fonte: Fotografia que foi tirada em passeio (visita) na Fortaleza da Barra com a 8ª 7 do Colégio Domingos de Souza em Agosto de 2010.
Um dos primeiros Fortes construido no Brasil, a Fortaleza da Barra é um monumento histórico de grande valia para nossa região. O acesso se dá pelo bairro Santa Cruz dos Navegantes (Pouca Farinha), e está aberto ao público. Quem tiver o previlégio de visitar ficará vislumbrado com tanta história que o local nos apresenta.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Gastronomia do Guarujá
Pensar em praia é o mesmo que pensar em momentos agradáveis ao som das ondas à beira mar. Para acompanhar esse clima de descanso nada melhor que os diversos tipos de frutos do mar típicos de cada região do país.
Quer uma boa pedida gastronômica? Todo esse ambiente convidativo pode ser encontrado em um só lugar: Guarujá.
A cidade litorânea conhecida como “Pérola do Atlântico” é também referência por sua diversificada gastronomia, pois oferece desde um bistrô mais intimista até restaurantes especializados, passando pela culinária ocidental e oriental ao tradicional Camarão na Moranga.
Casquinha de Siri
Sambaqui, concheiro e casqueiro.Acreditamos que parte da cultura material do Homem do Litoral foi incorporada pelos indígenas, povos que os sucederam posteriormente.
Morros e colinas artificiais de conchas resultantes das atividades do homem pré-histórico são encontrados na zona costeira de todo mundo e no interior se encontram na beira de lagos e rios, montes de conchas de moluscos de água doce.
Os pioneiros no estudo desses Sítios Arqueológicos foram dinamarqueses que deram início as investigações científicas na segunda metade do século XIX, batizando-os de Køkkenmodding e a principio interpretados como resíduos da cozinha dos povos nômades, caçadores-coletores.
Shell mound dos americanos, shell midden dos australianos, Concheiro em Portugal e Sambaqui no Brasil, nomes diferentes para as mesmas construções erguidas nas bordas continentais fronteiriça ao mar.
Centenas de Sambaquis que sobreviveram a destruição se espalham pelos litorais do Brasil com uma significativa concentração em Cananéia/SP e Santa Catarina, as vezes parte ou totalmente dentro d’água. Embora as condições climáticas litorâneas não favoreçam a preservação de materiais, os estudos têm comprovado que esses homens eram pescadores habilidosos e faziam uso de canoas, do arco e flecha, de cestas e outros objetos que apodrecem com facilidade e que seguramente eram peças importantes na rotina do Homem do Sambaqui.
Morros e colinas artificiais de conchas resultantes das atividades do homem pré-histórico são encontrados na zona costeira de todo mundo e no interior se encontram na beira de lagos e rios, montes de conchas de moluscos de água doce.
Os pioneiros no estudo desses Sítios Arqueológicos foram dinamarqueses que deram início as investigações científicas na segunda metade do século XIX, batizando-os de Køkkenmodding e a principio interpretados como resíduos da cozinha dos povos nômades, caçadores-coletores.
Shell mound dos americanos, shell midden dos australianos, Concheiro em Portugal e Sambaqui no Brasil, nomes diferentes para as mesmas construções erguidas nas bordas continentais fronteiriça ao mar.
Centenas de Sambaquis que sobreviveram a destruição se espalham pelos litorais do Brasil com uma significativa concentração em Cananéia/SP e Santa Catarina, as vezes parte ou totalmente dentro d’água. Embora as condições climáticas litorâneas não favoreçam a preservação de materiais, os estudos têm comprovado que esses homens eram pescadores habilidosos e faziam uso de canoas, do arco e flecha, de cestas e outros objetos que apodrecem com facilidade e que seguramente eram peças importantes na rotina do Homem do Sambaqui.
Tráfico de escravos no Guarujá
No século XIX a Ilha de Santo Amaro (Guarujá-SP) tornou-se entreposto de escravos e navios negreiros que atracavam assiduamente na Praia da Enseada, mesmo depois da proibição por lei para tal tráfico. Antes de atracar estes navios seguiam até praia do Tombo, próxima a Ilha da Moela e descartavam os escravos sem serventias. Os negros, já debilitados com a viajem, eram lançados ao mar e obrigados a nadar até a praia deserta; os africanos tinham a promessa de que estariam livres ao tocar em terra seca. Daí vem à lenda sobre as ondas bravias desta praia; é a revolta do Orixá Iemanjá pela impunidade daquelas mortes.
Os navios negreiros (ou ''tumbeiros'') arrastaram mais de 11 milhões de africanos para a América. As embarcações evoluíram de caravelas aos barcos a vapor, entretanto as condições de transportes e tratamento permaneceram as mesmas. Com a fiscalização da Inglaterra, autorizada por acordos internacionais, os tumbeiros passaram a ser menores e mais rápidos para não serem interceptados pela marinha inglesa. Como os Estados Unidos não autorizava essas vistorias, negreiros de várias nações hasteavam a bandeira americana para confundir os ingleses. Europeus, americanos e até negros se metiam no ''infame comércio''.
No princípio os negros traficados eram selecionados e a preferência eram os homens de 8 a 25 anos mas nos últimos anos, antes da abolição, tudo quanto se podia trazer fora trazido. Entravam nos navios os filhos vendidos pelos pais, o manco, o cego, o surdo, príncipes, chefes religiosos, mulheres com bebês ou grávidas. Os porões dos tumbeiros eram divididos em três pequenos andares com altura de menos de meio metro; acorrentados pelos pés, mais de 500 escravos se espremiam deitados ou sentados.
Segundo depoimentos de acusados e testemunho de ex-escravos colhidos pelo Reino Inglês:
Os tumbeiros tinham cerca de 20 tripulantes e apenas as crianças negras podiam circular livremente pelo convés, entretanto os pequeninos pulavam em alto mar porque acreditavam que seriam devorados; entre as fezes e temperaturas de até 55ºC, os africanos comiam apenas milho e bebiam meio litro de água por dia; grupos de escravos adultos eram levados para o convés e os obrigavam a fazer exercícios físicos para fortalecerem a musculatura durante a viagem, sob a ameaça da chibata, os negros tinham de dançar e cantar.
A área da praia e sítio Perequê até o rio Bertioga pertencia a Valêncio Augusto Teixeira Leomil que, entre outros negócios, contrabandeava escravos. Teixeira Leomil chegou a ser processado e condenado pelo crime de tráfico de negros escravos, porém ele fugiu do Brasil por alguns anos até a prescrição da sentença. Quando Teixeira Leomil retornou pediu à Câmara de Santos, em 1890, a concessão por 70 anos para instalar uma linha férrea no estuário de Santos até o Guarujá e à praia do Perequê. Poucos meses depois de obter a concessão, já a venderia à Companhia Balneária da Ilha de Santo Amaro, da qual seria Diretor Fiscal. Em nome desta Companhia, Leomil obteve duas grandes áreas de marinha para utilização e instalações da nova empresa. O velho Leomil viveu consideravelmente bem e só morreu em 1900, aos 82 anos de idade, sem pagar pelos crimes cometidos contra os negros sequestrados e mortos.
A capela conhecida, como capela dos escravos existente no Perequê era dedicada em louvor a São Pedro, e que para nossa tristeza foi destruida a marretada.
Fontes de Pesquisa: http://www.aeaguaruja.org.
A Primeira Capela da Povoação
Jorge Ferreira, um dos primeiros povoadores da região chegou com Martim Afonso de Souza, casou-se com Joana Ramalho, neta do cacique Tibiriçá. Jorge Ferreira cavaleiro fidalgo obteve a doação de terras na ilha de Guaíbe, hoje Santo Amaro e, além disso, ocupou cargos importantes, entre eles, o de capitão-mor e ouvidor da Capitania de Santo Amaro e, por duas vezes o de capitão-mor da Capitania de São Vicente.
Na ilha de Guaíbe, Jorge Ferreira estabeleceu uma povoação onde o genovês José Adorno e sua mulher Catarina Monteiro fundaram uma capela dedicada a Santo Amaro de quem eram devotos e a doaram ao povo.
Infelizmente o povoado não prosperou e dele não restou vestígio. A capela, a qual deduz-se ser localizada pouco atrás da Fortaleza da Barra Grande ruiu e as alfaias foram entregues a Cristóvão Diniz, almoxarife em 24 de setembro de 1576.
A donatária doada a Pero Lopes de Sousa (irmão de Martim Afonso), por causa da capela passou a se chamar Capitania de Santo Amaro, Assim se a primeira capela pouca influência teve quanto à religião, muita importância exerceu na nomenclatura, pois em conseqüência, a ilha onde se situa o município de Guarujá tem o nome de Ilha de Santo Amaro.
O Cristianismo chegou ao Brasil já no descobrimento e lançou profundas raízes na sociedade. O Cristianismo tem sido a principal religião do Brasil, predominando a Igreja Católica Romana.
O catolicismo no Brasil foi trazido por missionários que acompanharam os exploradores e colonizadores portugueses nas terras do Brasil. O catolicismo possui grande presença social, política e na cultura do Brasil.
Com a construção da Capela de Santo Amaro em 1544, o local passou a ser ocupado, também, pelos jesuítas, encarregados da catequização dos índios. A partir dai, começaram a ser construídas as fortalezas, para a defesa do litoral e conseqüentemente, começaram a chegar os primeiros habitantes. Em função destas condições, a Ilha teve poucas atividades econômicas. Havia a extração do óleo de baleia, a pesca e alguns engenhos de cana-de-açúcar, Engenho de Nossa Senhora da Apresentação de Manoel Oliveira Gago, com sua capela em louvor a Nossa Senhora, o Engenho Santo Antônio de Manoel Fernandes com sua capela em louvor a Santo Antonio e o Engenho de Bartolomeu Antunes. Por estarem em áreas particulares as referidas capelas foram demolidas quando de sua venda.
Os jesuítas mantiveram núcleos de catequese na região, um na atual Barra Funda e outro no sitio dos Macacos. Eram direcionados à defesa e educação de indígenas Tapanhunos, Miramonis e Guaianazes e segundo Francisco Martins dos Santos ainda existiam ruínas em 1930 (VAZ, Angela 2010 p.26).
Segundo a edição especial do jornal A Tribuna de 26 de janeiro 1939, edição esta comemorativa da elevação de Santos à categoria de cidade, Frei Gaspar disse que Adorno fundou na ilha de Guaíbe a Igreja de Santo Amaro, que doou ao povo. Diz agora Carvalho Franco que ele fundou a Igreja de Santo Antonio de Guaíbe, na mesma ilha. Teria ele fundado as duas?
terça-feira, 31 de maio de 2011
Origen do nome da Cidade de Guaruja
Na sua História de Santos, (2ª edição, 1996, Ed. Caudex, São Vicente/SV), o pesquisador Francisco Martins dos Santos relaciona os significados de diversos topônimos relacionados com Guarujá:
Guarujá - Corruptela de Gu-ár-yyâ "abertura de um lado a outro", de Gu recíproco - Ár "ladear", Yâ "abrir, gretar, fender, rachar", precedido de Y - relativo. Os verbos Ár e Yâ, estando no infinitivo sem caso (como cita Mendes de Almeida), significam a ação geral: "lado" e "abertura" - aludindo ao antigo aglomerado de rochedos, conhecido por "sala de pedras", que separava a atual Praia das Pitangueiras da praia de Guarujá, propriamente dita, e onde havia um furo ou passagem apertada, entre o grande bloco de rochas, produzindo pela própria natureza, permitindo a comunicação entre as duas praias, por baixo. Esse monumento natural, aliás, que nos aparece ainda hoje, em telas e fotografias, foi arrasado ou destruído, por duas vezes, por antigos prefeitos, em sua faina urbanizadora... Em confirmação à etimologia proposta, aparecem lá mesmo, e em lugares fora de ligação com o mar - mais dois Guarujás, o Mirim e o Guaçu. A versão de Theodoro Sampaio é insubsistente e errônea. Guarujá tornou-se, primeiro: Prefeitura Sanitária - independente de Santos, e depois Município, à sombra da Lei Orgânica do Estado, ocupando toda a Ilha de Santo Amaro ou de Guaíbe. Paicará - Bairro, hoje transformado numa verdadeira cidade e sob a denominação de Vicente de Carvalho, existente ao lado do velho Itapema, na Ilha de Santo Amaro - do chamado tupi: Po - exprimindo superlativo - e Acuraá "enseada alagadiça", formando Poacuraá, que se corrompeu e adulterou no correr dos séculos, passando por Poaicuraá e Poaicaráa, antes de tomar a forma definitiva, porém com a mesma significação: "várzea ou enseada extremamente alagadiça" - como era realmente, no antigo estado, antes das drenagens e aterros, sujeita aos alagamentos dos preamares. Itapema - Ponto célebre da Ilha de Santo Amaro, onde se fixou o povoador Jorge Ferreira, um dos nobres fundadores de Santos, e onde no mesmo século XVI construíram o Forte de Pedra, de Vera Cruz de Itapema, para defesa do porto santista e da então Vila fronteira. Mais tarde (fins do século XIX) ali construíram, a pouca distância do velho Forte, a Estação das Barcas de Guarujá, até hoje existente. O topônimo procede do chamado tupi: Ita "pedra", Pê "quebrar, torcer, dobrar", e o sufixo Ma (breve) para formar supino (como ensina João Mendes de Almeida), com o significado de "Morro quebrado mais de uma vez ou pedra muito quebrada", que aludia aos morrinhos lá existentes, que pareciam quebrados três vezes, acompanhados de pedrouços como satélites. Esses morrotes muito conhecidos e seus pedrouços vêm sendo destruídos há muito tempo, utilizados em aterros e empedramentos diversos, na Base de Aviação da Bocaina, em Itapema e em Vicente de Carvalho, a nova localidade (distrito de Guarujá) que começando no Itapema, propriamente dito, segue pela várzea do Paicará (que comumente grafam: Pai Cará), ligando-se a Conceiçãozinha e ao ferry-boat. Os habitantes de Vicente de Carvalho já manifestaram (e continuam a manifestar) seu desejo de que o nome do seu distrito e futura cidade volte a ser Itapema. Bocaina - Também chamado outrora Bocaina do Bertioga (do rio). Antigo bairro operário e de pescadores de Santos, que o governo fez desaparecer totalmente, para extensão da Base de Aviação e Aeroporto da região santista. Embora com aparência de vocábulo português, é de origem túpica, segundo João Mendes de Almeida, de "Bóc'aina - abertura desbaratada, rasa - passagem rasa de um ponto a outro"; o que corresponde, mais ou menos, com o aspecto geográfico da Bocaina, realmente uma passagem rasa, extensa, que levava ao interior da ilha (Vargem Grande e outros pontos) e ao rio da Bertioga (tanto à parte interna como à embocadura ou foz do Sul). Pela natureza da etimologia proposta, referia-se o nome ao desembocadouro ou foz interior do rio, junto ao estuário de Santos (lagamar de Enguaguaçu), dali passando às terras igualmente rasas da Ilha de Santo Amaro, que o conservaram. Icanhema - Pequeno rio e recanto da ilha de Santo Amaro, do chamado tupi: Y (forma de Yg) "água, rio", Caêm de Caê-m "secar, enxugar", com acréscimo de A (breve), por acabar em consoante, formando originariamente: Ycaêma "água ou rio que seca, que desaparece" (nas vazantes ou em certas luas e ocasiões) ou "curso de água à toa, sem importância", que corresponde à realidade. Praia do Góis - Pitoresca prainha de uns quinhentos metros, na Ilha de Santo Amaro, à entrada do Porto de Santos, pouco além da Fortaleza da Barra Grande. Liga-se este topônimo aos Góis, que vinham na Armada do Donatário (Pedro, Luiz, Gabriel e Scipião de Góis), e que ali decerto tiveram pouso ou sítio, enquanto a parte Sul da ilha foi propriedade de Estêvão da Costa, cunhado de Martim Afonso. Nesta praia, entre 1765/1767, o governador D. Luiz Antônio de Souza construiu uma pequena fortaleza, para defesa, principalmente, da Fortaleza de Santo Amaro ou da Barra Grande, que podia ser atacada por terra. Ilha de Santo Amaro - Ilha que constitui atualmente o Município de Guarujá e forma com a Ilha de S. Vicente o canal, estuário ou porto de Santos (o "rio de São Vicente") dos primeiros tempos, e Guarapiçumã dos indígenas). Os viajantes espanhóis chamaram a esta ilha: Ilha Oriental (Ysla Oriental) e Pero Lopes de Sousa, em seu famoso "Diário da Navegação", chamou-a de Ilha do Sol, que vem a ser a mesma coisa, significando que, para os que estavam no "rio de S. Vicente" ou na "Ilha de S. Vicente", era ela que marcava o nascer do sol, ou era por cima dela que o sol se levantava. Nas escrituras mais antigas aparece a denominação Guaíbe ou Guahíbe e Gaíbe (Guaybe, Guaybe e Gaybe) e de modo nenhum Guaymbê ou Guaimbê, como citaram alguns escritores e tratadistas, aludindo à existência do cipó desse nome, e em grande quantidade, por toda a ilha. Nós sabemos que tal cipó era abundantíssimo em toda a Serra do Mar (e ainda é até hoje), não podendo por isso constituir-se em razão toponímica apenas ali. Hoje, estamos propensos a acreditar que, assim como a ilha de São Vicente possuía um nome hebraico, aplicado pelos povoadores semitas (genericamente falando), anteriores à colonização oficial de Martim Afonso, também a Ilha de Santo Amaro tinha um nome semita da mesma época: do árabe: Gu-a'yb ou Gu-a'ayba, que podia ser também: G'a'yb e G'a'yba, formando os vocábulos que aparecem nos nossos mais velhos documentos: Guaybe e Gaybe (dado o som breve do último A), com o significado altamente interessante e de sentido ao mesmo tempo histórico e geográfico: "a que segura, fixa ou impede o mau, o mal, o malfeitor" - de G ou Ga e Gu - o gaín árabe, letra do alfabeto, que aglutinada aos vocábulos, dá o sentido de agarrar, prender, fixar, impedir" e A'ybe ou A'Ayba "mau, malfeitor, ruim, imprestável etc." - aludindo à dupla função da ilha de Santo Amaro, a de defender Santos (a ilha de São VIcente) das fúrias do mar bravo, do impacto direto do oceano, que sem ela destruiria a nossa ilha, e a de impedir a passagem, aos tamoios, aos selvagens bravios, retendo-os à distância, na Bertioga, permitindo a defesa melhor dos civilizados. Isso seria, precisamente, agarrar ou impedir o mau, o malfeitor etc. Todos sabem que os tamoios paravam as suas incursões e correrias, quase sempre ou sistematicamente, na Bertioga (onde mais tarde se construíram as Fortalezas) e sabemos todos que, algumas vezes, eles chegaram a atacar a Ilha (de Santo Amaro) e a destruir criações e plantações que nela existiam, mas sem ousarem chegar até a Ilha de São Vicente, e isso pelo receio de serem cercados pela retaguarda e destruídos, uma vez que só atacavam por dentro, pelo rio ou canal (de Bertioga) e nunca por fora, pelo mar. Aí está perfeitamente fundamentado o sentido da denominação hebraica, valendo por esta observação: "Se não existisse esta Ilha (de Guaíbe), o mar, as grandes marés, correntezas e ressacas destruiriam a Ilha (de Goaió ou São Vicente), ou os tupinambás (tamoios) da costa destruiriam sua gente e suas plantações". Esta é, hoje, a nossa opinião. Quanto à denominação Santo Amaro, só aparece escrita de 1545 em diante, substituindo a de Guaíbe, supondo-se porém que ela já existisse desde a criação da Capitania do mesmo nome, doada a Pero Lopes de Sousa, irmão de Martim Afonso, em 1534, tendo essa Ilha por sede inicial ou centro, o que constitui a mais lógica das versões. O fato do aparecimento do nome, escrito somente depois de 1545, deve prender-se à fundação da primeira Capela de Santo Amaro, como diz Frei Gaspar, levada a efeito pelo célebre José Adorno (o Genovês) e Estêvão da Costa, dono das terras, em 1540, em frente ao antigo Porto de São Vicente (da Ponta da Praia), antes da transferência oficial do mesmo porto para Enguaguaçu. Essa Capela de José Adorno, com toda certeza, localizou-se no alto de um morrinho, a cavaleiro da Fortaleza de Santo Amaro ou da Barra Grande, construída quarenta e três anos depois, em 1583/84, e seria a mesma que o historiador Rocha Pita encontrou ou viu, pela altura de 1720, e naturalmente em ruínas. É o que se deduz desta passagem do aludido historiador, em sua famosa "História da América Portugueza" desde o ano de mil e quinnheitos do seu descobrimento até o de mil e setecentos e vinte e quatro (1724): Na barra grande de Santos, distante da Vila meia légua pelo rio abaixo, tem uma grande Fortaleza, fabricada com toda a regularidade em duas baterias, com muitos canhões, e estâncias para o cômodo dos soldados, que entram nela de presídio todos os meses; tem Capitão, que governa; está posta na ponta de um outeiro junto ao rio; sobre outro monte lhe fica eminente uma Ermida de Santo Amaro. Tratando-se de livro escrito até 1724, é evidente que a visita a Santos e à Capela de Santo Amaro, a cavaleiro da Fortaleza, só poderia ter sido realizada, mais ou menos, em 1720. Segue-se, pois, que ao contrário do que pensaram alguns cronistas, a Capela de Santo Amaro, construída por José Adorno em 1540, era lá mesmo na Ponta da Praia, e seria aquela encontrada por Rocha Pita, vinte e dois anos antes da construção de outra pelo governador José Rodrigues de Oliveira em 1742, não mais a cavaleiro da Fortaleza, mas ao lado dela, junto aos seus muros da direita. Se "as alfaias daquela primeira Capela foram entregues ao almoxarife Cristóvão Diniz, em 24 de setembro de 1576", como reza um daqueles cronistas, não sabemos; achamos até que uma Capela construída em 1540, com esmero e devoção (solidamente portanto e quase sempre de pedra, conforme o uso), por um homem rico como José Adorno, não duraria apenas 36 anos!... Mais natural seria que ela durasse os 180 anos, que vão de 1540 a 1720, zelada e sempre reparada, como teria sido, por todo tempo. Ou isso ou existiram três capelas de Santo Amaro, duas anteriores à própria Fortaleza de 1583/84, e fora dela (independentes), e uma, a de 1742, reformada várias vezes, anexa à Fortaleza, colada aos seus muros, essa que vimos em ruínas em 1936, sem telhados e transformada em 1958, no mesmo estilo anterior, num extraordinário esforço e decidida demonstração de boa vontade, pelo então Tenente Rodolfo Pettená, na qualidade de presidente do Círculo Militar de Santos, que ocupara a grande e venerável Fortaleza santista. http://www.novomilenio.inf.br/guaruja |
Praia do Góes, no tempo dos piratas
Quem visita hoje a pequena praia do Góes provavelmente nem desconfia que um muro de pedras ali quase despercebido já foi parte de um fortim, destinado a proteger a Baía de Santos - que domina a paisagem, no horizonte - do ataque de piratas e outros inimigos. Essa história foi contada pelo pesquisador J.Muniz Jr. no antigo jornal Cidade de Santos, cerca de 1980 (data não citada no recorte), em matéria com programação visual de José Coriolano Carrião Garcia:
![]() A Armada Cabotina, com a bandeira de Castela, foi a primeira a fundear nas águas da pequena praia da antiga Ilha do Sol Imagem publicada com a matéria A Fortaleza de Santo Amaro ou da Barra Grande foi o assunto que abordamos no domingo passado, dando seqüência a uma série histórica alusiva aos fortes e fortificações locais. E uma vez que falamos da velha Fortaleza da Barra, não poderíamos deixar de retratar o antigo fortim da praia do Góes, que era uma extensão da mesma, e que dava o seu apoio tático pelo lado da praia. Mas, para podermos entrar na história daquela trincheira, faz-se mister retroceder a um passado bem distante, na época pré-afonsina, pois, segundo rezam antigas documentações, embora pequena - com cerca de duzentos metros de extensão - a praia do Góes é um verdadeiro recanto histórico. Isso não só pelo fato de ter sido sede de uma fortificação, mas também por ter servido de ancoradouro de antigos navegadores que por aqui aportaram em épocas remotas. As antigas crônicas e documentos publicados, que relatam a passagem de expedições marítimas por essa parte da costa do Atlântico, revelam que antes da chegada do donatário Martim Afonso de Souza, por aqui estiveram inúmeras expedições clandestinas, e houve inclusive naufrágios, cujos sobreviventes se juntaram aos primeiros habitantes brancos do nosso litoral. Sabe-se que o cosmógrafo Alonso de Santa Cruz, que fazia parte da Armada de Sebastião Caboto, narrou no seu Islario General de todas as islas del mundo aspectos do povoado existente em São Vicente, antes mesmo da chegada da Armada afonsina. Procedente do Rio da Prata em 1530 (para onde fora em 1526) e a caminho da Espanha, a expedição cabotina esteve no primitivo porto vicentino, episódio que levou o cosmógrafo oficial do reino ibérico [a] tratá-lo detalhadamente no seu comentário, que diz num dos trechos: "Dentro do porto de S. Vicente há duas ilhas grandes habitadas de índios; e na mais oriental, na parte ocidental dela, estivemos mais de um mês surtos..." "Tal ocorria em 1530 - relata o comandante Eugênio de Castro em A Expedição de Martin Afonso de Sousa - única vez que passava por essas paragens Alonso de Santa Cruz". E por suas palavras, como pelas Probanzas e demais documentos transcritos por Turíbio Medina, se poderá concluir que a força naval de Caboto demandou a abra do porto de São Vicente (barra e baía de Santos), antes da armada colonizadora, e veio procurando fundo junto à atual ilha de Santo Amaro: "na parte ocidental dela, tomou um fundeadouro em que permaneceu um mês e o que certamente, para a sua segurança, era abrigado dos ventos que ali cursam com maior intensidade - provável fundeadouro que vai por nós assinalado no pama II, montada a ponta da Capetuba ou dos Limões já em águas remansosas que banham a atual praia do Góes". Segundo o Diário de Pero Lopes de Sousa, quando a expedição chefiada por Martin Afonso aqui chegou a 20 de janeiro de 1532, de volta do Rio da Prata, em sua nau Nossa Senhora das Candêas, devido aos fortes ventos do Itaipu, e a menos de duas milhas daquele ponto lançou âncoras, isso por volta do meio-dia. À tarde, diante de uma imprevista tormenta, afastou-se do local, indo abrigar dos ventos ao Oeste e ao Sudoeste da Ilha do Sol (atual Santo Amaro), bem perto de uma ilhota, hoje chamada de Ilha das Palmas, once chegaram de madrugada. E com o raiar do dia (21 de janeiro), a nau suspendeu novamente e veio finalmente fundear junto de uma pequena praia, bem no local "assinalado por Alonso de Santa Cruz para fundeadouro de Caboto em 1530", conforme observou o comandante Eugênio de Castro numa conferência, realizada a 20 de janeiro de 1932, no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, em comemoração ao IV Centenário da fundação de São Vicente. Ainda sobre a pitoresca prainha que serviu de ancoradouro para os primeiros navegadores, o historiador Francisco Martins dos Santos revela o seguinte na sua História de Santos: "...o nome desta praia prende-se à chegada da Armada de Martin Afonso de Sousa que a ela aportou no dia 21 de janeiro de 1532, e na qual vinham os notáveis fidalgos, Pedro, Luiz, Gabriel e Scipião de Góes, de quem procede o referido nome por algum motivo particular que nos foge. Isso dizemos, porque a denominação Praia do Góes é antiguíssima, como se vê na carta de D. Luiz Antônio de Souza ao Vice-Rei do Brasil, em 1767. Esta praia é a mesma praia da Ilha do Sol a que refere o Diário da Navegação de Pedro Lopes de Souza..." ![]() Projeto da Fortaleza de Santo Amaro no século XVIII, que passou a contar com o apoio do fortim do Góes Imagem publicada com a matéria, reproduzida do livro Os Andradas E sabido que a ereção do Fortim do Góes ocorreu durante o governo do capitão-general D. Luiz Antonio de Souza Botelho Mourão, que em carta endereçada ao vice-rei do Brasil em janeiro de 1767 (Documentos Interessantes, volume XXVIII), dizia num dos trechos da mesma: "...já posso dizer a V. Exa. que fica acabado o Forte que mandei fazer na Barra Grande da Vila de Santos na Praia chamada Do Góes, porque até o fim deste mez se lhe completa o parapeito, e as guaritas que só lhe falta. Este Forte é muito necessário para impedir os desembarques que podem haver naquela praia, que tem fundo, e podem chegar a ela as embarcações sem serem vistas da Fortaleza de Santo Amaro e desembarcando gentes, e ganhando o morro sem impedimento, ficam enfiando do alto, sem nenhum obstáculo, com os mosquetes, todos que andarem dentro da dita Fortaleza de Santo Amaro, que se descobre toda, e por conseqüência é logo tomada". "O Forte consta de uma cortina de dois ângulos abertos de 213 palmos de comprimento, e de 20 de alto, a qual forma três faces, uma virada para a praia, que defende o desembarque, e as duas para o mar, da parte de trás e pegada no morro. Levará dezoito peças, foi feito com muita comodidade na despeza, parece que andará por três mil cruzados...". Como se pode observar pelo relato acima, o governador da Capitania de São Paulo e Minas, seguindo recomendações do Vice-Rei, além de guarnecer as fortificações marítimas, ordenou que fosse levantado um pequeno forte na praia do Góes, visando impedir uma incursão de desembarque do inimigo naquela faixa de areia, e que dali pudesse subir o morro e tomar facilmente a fortaleza pela retaguarda, sem despertar a atenção das sentinelas daquela Praça Fortificada ou mesmo em combate. Mas, anteriormente, o Conde de Sarzedas, na qualidade de Governador da Capitania, já havia informado tal falha ao Rei D. João V, e solicitando inclusive que aquela praia fosse fortificada para evitar possíveis ataques de surpresa à Fortaleza da Barra. Dessa maneira, já em princípios do ano de 1767, a pequena fortificação da praia do Góes estava quase concluída, mesmo a sua cortina de pedra e cal, e que foi assim descrita pelo professor Francisco Meira no seu Santos Histórico e Tradicional: "Consta de um parapeito de pedras e argamassa muito espesso e de 100 passos de extensão. Duas muralhas laterais penetram até o morro, formando assim um ângulo obtuso à direita e outro à esquerda. A grande muralha fica frente ao mar coroada por um sólido parapeito. Interiormente uma barbeta fortemente lageada avança até o morro que lhe fica revez. O fortim batia a Ponta dos Limões, toda a praia, cruzava fogos com o Forte Augusto e defendia a Fortaleza..." Em princípios do século passado (N.E.: século XIX), contava o fortim da praia do Góes com oito peças de artilharia, quatro das quais montadas e algumas sem condições de serem utilizadas em combate. O certo é que, com o correr do tempo, a trincheira do Góes foi perdendo toda a sua utilidade, entrando então em decadência. Decadência e Armação - Num antigo manuscrito (Documentos Interessantes, volume 44), dirigido ao capitão-general da Capitania, provavelmente entre fins do século XVII e princípios do século XIX, encontrado entre as documentaçoes do marechal José Arouche de Toledo Rendon, consta um amplo relato das fortificações marítimas da Praça de Santos, com a seguinte referência ao fortim do Góes: "No forte do Góes se acham oito peças, quatro montadas e quatro desmontadas e muito mal tratadas, de sorte que algumas já estão em estado de não poder dar fogo. Este forte defende o único desembarque que há desde a barra até a fortaleza e este desembarque deve ser bem defendido. O forte se acha em boa posição, porém se o inimigo consegue pôr o pé em terra com facilidade toma o dito forte e, por conseqüência, a fortaleza da Barra Grande. Este forte tem capacidade para se lhe fazerem um telheiro, onde se guarda a artilharia afim de a ter em bom estado quando a ocasião o pedir servir-se dela..." Um relatório apresentado na Assembléia Legislativa em janeiro de 1897 dava conta que continuava desarmado e desorganizado, pois anteriormente já havia até servido de sede-sul da Armação de Baleias a Bertioga (extinta por volta de 1830), onde funcionava uma indústria de óleo de baleia que alimentava toda a iluminação da região, época em que ficou conhecido como Armação da Praia do Góes. No seu Santos Noutros Tempos, o historiador Costa e Silva Sobrinho transcreve o Aviso Régio nº 125, de 1817, referente à Armação da Praia do Góes: "...Setecentas braças de testada, e trezentas de fundo, água vertente para a entrada da Barra Grande: parte de um lado com terras da Fortaleza de Santo Amaro, e do outro com terras de Icanhema e Issangaba, pertencentes a Ana Luísa da Silva. Este terreno pertence ao Real Contrato de Pescaria de Baleias, e é ocupado no tempo das pescarias pelos que ocupam neste exercício; tem dois agregados com suas famílias, e dois escravos que servem de zeladores e guardam a casa do mesmo contrato". Informa ainda o mesmo historiador que, em 1834, foi requerida a venda das lanchas existentes nas Armações de Bertioga e da praia do Góes. E que, a 18 de janeiro de 1850, a casa existente naquela praia foi avaliada por ordem do inspetor de Teouraria da Providência, a fim de ser posta em leilão público. Apesar da ação demolidora do tempo e do efeito das marés, durante um certo tempo ainda podia-se avistar a murada e as guaritas do fortim do Góes, mas tudo foi desmoronando pouco a pouco e só restou ruínas num dos cantos da praia. Não sabemos ao certo se até os dias atuais existe qualquer vestígio daquela antiga fortificação. No entanto, o erguimento de tal praça fortificada naquele histórico recanto representa um marco a mais na nossa história militar, devido ao seu sentido estratégico, que foi o de interceptar o desembarque do inimigo, tendo contribuído assim para o fortalecimento da defesa da barra e do porto de Santos. No local do antigo fortim da praia do Góes poderia ser erguido um monumento ou mesmo um marco com dizeres alusivos ao que representou outrora, pois uma vez que nada restou de suas muralhas, alguma coisa deveria registrar a importância daquele reduto, por ter participado de nossa história como ancoradouro no século XVI e posteriormente como posto avançado da Fortaleza da Barra Grande. (Pesquisa e texto de J. Muniz Jr.) ![]() Vista da praia do Góes que serviu de ancoradouro para os antigos navegadores Foto publicada com a matéria, de cerca de 1980 |
http://www.novomilenio.inf.br/guaruja/gh015.htm
Hino do Guarujá e Canção do Guarujá
Hino do Guarujá
Letra de ARISTHEU BULHÕESMúsica de OLAVIO ESTANISLAU PINHEIRO
Guarujá! Nossa gleba querida,
Jardim feito de encanto e de sol.
Pulsa em ti, a beleza da vida
Entre os vivos clarões do arrebol!
Tuas praias de linda brancura
São recantos de amor e de paz,
Onde o céu azulado procura
Repousar em manhãs estivais.
Simbolizam teus fortes em ruínas
O civismo que à pátria tu ensinas,
Pois neles há
Troféus de glória
Honrando a história
De Guarujá!
És para nós a "PÉROLA DO ATLÂNTICO"
Espelho do Brasil lindo e romântico!
Primor de artista
Jóia fagueira
A beira-mar
Não há turista
Que não queira
Te adorar!
Canção do Guarujá
Domingo, o dia está lindoO sol está sorrindo
E o céu a cantar
Na praia as lindas sereias
Namoram na areia
E brincam com o mar
A gente vê tanta beleza
Que esquece a tristeza
Que a vida nos dá
Poema de sonhos e de cores
Um ninho de amores
És tu Guarujá
Guarujá... Guarujá
O teu sol tem mais luz e calor
Guarujá... Guarujá
Tuas noites, um sonho de amor
Guarujá... Guarujá
O mais lindo recanto que há
Poema de sonho e de cores
Um ninho de amores
És tu, Guarujá.
Marcos firmino
Culinária do Guarujá
Os restaurantes em Guarujá oferecem diversos tipos de pratos, tanto os regionais, quanto os nacionais e internacionais. A culinária típica de Guarujá tem por base os frutos do mar e diversos tipos de peixes. Um prato muito procurado em Guarujá é o Linguado Grelhado, prato preparado com linguado, pimenta, tomilho, folha de louro, salsa, limão, gema de ovo e manteiga. Este prato possui um delicioso sabor que encantam os turistas.
Além do linguado, também é muito requisitado o prato chamado de Bacalhau de Viena, feito com bacalhau, leite, batatas, alho, salsinha, brócolis, azeite e azeitona. Algumas pousadas ou hotéis Guarujá oferecem em seu cardápio deliciosas opções de fruto do mar, com temperos diversos e diferentes acompanhamentos. Outro prato facilmente encontrado em Guarujá é o Azul Marinho, composto por peixe, que pode ser cavala, atinha, badejo ou robalo, mais cebola, óleo, coentro, salsinha, alfavaca, pimenta e banana verde. O prato Azul Marinho possui um sabor bem particular, devido a utilização de banana verde.
segunda-feira, 30 de maio de 2011
SEGUNDA CAPELA DE SANTO AMARO
SEGUNDA CAPELA DE SANTO AMARO
Todos os fortes no Brasil tiveram um santo protetor A Fortaleza da Barra iniciada em 1584, recebeu o nome de Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande. Às vezes é citada como sendo São Miguel, considerado um Anjo guerreiro, acabou predominando a devoção do Santo Beneditino. (ANDRADE, Wilma T. 1997 p 3)
Assim a história da capela sempre esteve ligada a Fortaleza, construída para compor o sistema de defesa do litoral
Em 1700 por razões estratégicas, a Vila de Santos foi declarada Praça Militar, a defesa militar da costa brasileira assolada por piratas e corsários, principalmente franceses, era uma das maiores preocupação da coroa portuguesa.
O Governador determinou que se construísse uma nova Casa da Pólvora e que se desmanchasse a que la estava por ser mal construída e estar em sitio muito arriscado. De fato a Casa da Pólvora ao lado da Casa de Comando, bem visível do mar podia facilmente ser atingida pelo inimigo.
No lugar da antiga Casa da Pólvora, ergueu-se a capela que hoje vemos. A radical mudança de uso obrigou a reforma no antigo depósito de pólvora dando-lhe uma aparência que sinalizasse de modo inequívoco, a nova função.
Figura 1 Capela de Santo Amaro na Fortaleza da Barra Grande
Fonte acervo particular do autor, (2010)
A Construção da Capela
Voltada para o mar a capela está à vista de todos ao lado do edifício principal a Casa do Comando ou quartel.
Na parede Frontal, vê-se uma única porta de linhas retas, e a fachada sobe limitada por duas volutas e de sentido inverso que sustentam uma base triangular, onde uma cruz simples a finaliza. A parede é, nos cantos laterais, limitada por duas solidas pilastras de pedra, encimada por pináculo. O conjunto alia solidez à elegância. Vejamos a fachada e o que está gravado no Granito
Figura 2: Obra que fez o Governador José Rodrigues de Oliveira 1742
Fonte: acervo particular do autor (2010)
Interessante notar que o nome do governador da época não aparece conforme veremos a seguir:
Na lista dos Governadores estranhamente não aparece o nome de José Rodrigues de Oliveira e sim o de D. Luis Mascarenhas, Conde d’Alva 8º capitão general da capitania de São Paulo, durante onze anos de 1739 a 1750. A estranheza logo se desfez após pesquisa, pois ele era o imediato de D. Luis Mascarenhas. Por ordem de D. João V, D. Luis residiu à maior parte em Vila Boa de Goiás e deixou, em São Paulo, José de Oliveira, um de seus melhores colaboradores, que deu execução as medidas estabelecidas por ele. O construtor da capela era Capitão de Dragões, na Capitania de Minas Gerais, quando foi nomeado Mestre de Campo Governador da Praça de Santos, por três anos prorrogáveis, o que aconteceu tendo José Rodrigues de Oliveira exercido o comando durante sete anos. (ANDRADE, Wilma T. 1997 p.5).
Internamente a Capela mede 5,75m de frente e 5,70m na parede posterior. A fachada lateral direita tem 7,77m e lateral esquerda 7,73m, sendo que nesta parede, a única janela descortina uma bela vista para o mar. As paredes espessas de alvenaria, pedras e tijolos são argamassadas com oleato de cálcio substância aglutinante obtida por um processo que consistia em juntar a cal retirada de sambaquis e obtida nas caieiras e óleo de baleia, abundante na região.
A obrigação de manter a capela era da Coroa real e, por isso só com licença especial do governador da Capitania de São Paulo, padres podiam visitar a capela. Nem sempre a permissão era concedida, alegando-se que a capela estava sobre a proteção real e não possuía sacrário.
Os serviços religiosos, como missas, eram em meados do século XVIII, prestados pelos franciscanos do convento de Santo Antonio do Valongo, que recebiam 60$000, pagos pela Real Junta.
Fontes e bibliografia:
ANDRADE, Wilma Terezinha F. de. Capela de Santo Amaro na Barra Grande. Folheto. Santos: Comissão Pró- Fortaleza da Barra, 21 de dezembro 1997.
Moela o mais antigo farol do litoral paulista
HISTÓRIAS E LENDAS DE GUARUJÁ - ILHA-FAROL
Moela, o mais antigo farol do litoral paulista
Matéria publicada no jornal santista A Tribuna em 2 de maio de 1910, páginas A-4 e A-5:
Moela, o mais antigo farol do litoral paulista
Matéria publicada no jornal santista A Tribuna em 2 de maio de 1910, páginas A-4 e A-5:
LUZ NO MAR – Farol da Ilha da Moela recepciona quem chega a Santos pelo oceano. Conheça o dia a dia dos guardiões desse lugar, distante cerca de 20 quilômetros da Capitania dos Portos, na Ponta da Praia Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria, na página A-1
Na Ilha da Moela, entrada da Baía de Santos, militares passam semanas longe da família para alimentar o farol mais antigo do Estado. Eles compartilham seu cotidiano com a saudade, as tempestades, as lendas e os fantasmas que rondam o lugar. Isolados, falam da importância de cuidar da sinalização às embarcações Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria A luz e a solidão dos homens-ilhaLuiz Fernando Yamashiro Da redação Nenhum homem é uma ilha, decretou em versos o inglês John Donne. Mas quando a noite cai, uma luz solitária surge no mar, a desafiar o poeta. É o Farol da Moela, avisando aos navegantes que a Baía de Santos se aproxima. Há, sim, naquela pequena porção de terra, um homem. Cercado de saudade por todos os lados. O faroleiro mantém ali um ritual quase tão antigo quanto a navegação: iluminar o topo das montanhas, criar um ponto de referência às embarcações. A referência, neste caso, é a Ilha da Moela, a menos de três milhas náuticas da Praia do Tombo, em Guarujá, de onde a luz pode ser vista à noite. O responsável por mantê-la é Antônio Anselmo do Nascimento, o homem que só retorna ao continente a cada 23 dias – se Netuno, deus dos mares, assim permitir. Em seu auto-exílio, Anselmo tem como companhia outros dois homens. E dois cães: Amendoim e Paçoca. Seus latidos são a primeira coisa que o visitante ouve ao se aproximar da Moela. O bote ainda nem encostou e Amendoim, num salto, já está a bordo, inspecionando um por um com o focinho. O vira-latas é quem melhor conhece o lugar: vive nele há sete anos. A ilha, sob custódia da Marinha, ganhou o nome devido a seu formato, que lembra uma moela de galinha. Para colocar os pés nela, é preciso fazer um pequeno rapel, superando os rochedos com a ajuda de uma corda. O farol fica no topo, a 100 metros de altura. Chegar lá significa enfrentar um caminho íngreme, desenhado no matagal. Na subida, ergue-se a imagem de Santa Bárbara, a guardar os ilhéus das tempestades. Lá em cima, quatro casas se distribuem. É numa delas que vive Anselmo, desde dezembro de 2007. Ele poderia ter voltado para a família no fim do ano passado, como permite o regulamento, mas o colega que o renderia foi transferido para o Rio de Janeiro. Agora, só sai em 2011. Até lá, contenta-se em passar apenas sete dias de cada mês com a mulher e o filho de 14 anos. É a folga concedida a quem dedica parte da vida ao farol. Voltar para casa é como subir à tona para respirar, após um mergulho de três semanas. Mas ele tem fôlego. Suboficial da Marinha, sabe, como bom militar, que missões importantes exigem sacrifícios. "É vocação", resume. O suboficial Antônio Anselmo do Nascimento é o responsável por manter acesa uma luz de quase 200 anos Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria O sargento – Na casa ao lado fica o sargento Vágner Pereira, também casado, com filho pequeno. Mais adiante, a do outro sargento, Edmílson, que está de folga. Vágner foi o último a chegar. Está ali há quatro meses, mas nem por isso a saudade de casa é menor. Especializado em carpintaria, procura manter-se sempre ocupado, para não deixar o pensamento escapar para longe da ilha. "É como diz o ditado: cabeça vazia...". Oficina do diabo. E contra ele, o melhor antídoto é a Bíblia, companheira de todos os dias – principalmente aqueles em que o céu escurece, o mar se agiganta e o vento balança a Moela. Na última tempestade, o sargento viu ondas de quatro metros engolirem a pedra do Pau-a-Pino, formação rochosa vizinha. "Olhando daqui, a coisa é mais feia". Ao notar no sargento certa melancolia, o repórter-fotográfico Irandy Ribas tenta consolar: "Pelo menos aqui não vem vendedor bater na porta". [1] Anselmo e Vágner abrem o farol Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria O burro – A ilha parece mesmo um tanto melancólica. Há poucos meses, perdeu seu morador mais antigo: Lampejo, o burro mais inteligente de que se tem notícia. Foi trazido em 1992, para ajudar no transporte de cargas morro acima, pela estradinha. Mas havia muito tempo que não carregava mais nada. Ao ver ou ouvir embarcações se aproximando, o bicho sumia no matagal antes que alguém pensasse em colocar algo sobre seu lombo. Por isso, Anselmo o chamouLampejo. "Fugia do trabalho com uma rapidez..." No último dia de dezembro, poucas horas antes da virada de ano, o burro foi encontrado morto pelos militares. O corpo, caído bem perto da estradinha que ele tanto evitou em vida. [2] Militares preparam bote para desembarque Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria Os cães – Restaram Amendoim e Paçoca, atrações à parte. O primeiro se atira na água, nada com desenvoltura. Paçoca, patas mais curtas, fica no rochedo, latindo, correndo de um lado para outro. Marujo novo, ainda não venceu o medo do mar. Em terra firme, a coisa muda. Amendoim, mais velho, é mais obediente e disciplinado, como preferem os militares. Anselmo diz que, quando amais novo, costumava ser mais alegre. A chegada de Paçoca, há dois anos, parece tê-lo aborrecido. Agora, porta-se como um rei que perdeu o trono. Paçoca corre quase o tempo todo, atira-se aos pés as pessoas, persegue urubus, come tudo que lhe é oferecido – e também o que não e oferecido, como os pintinhos do galinheiro. Pula sobre Amendoim, rosna, provoca e, vez ou outra, leva uma mordida. De leve, só para lembrá-lo de que, também entre cães, há hierarquia. A rotina – Do alto da ilha, paisagens distintas. De um lado, o Tombo, a Enseada, edifícios ao longe. De outro, a imensidão em tons de azul, mar e céu num horizonte sem fim. Os militares abrem a portinhola que dá acesso ao farol e lá encontram um beija-flor encurralado. Erguido em 1830, o Farol da moela é o mais antigo do Estado. Desde então, vem projetando na escuridão um facho de luz com alcance de quase 50 quilômetros. A torre cilíndrica branca que o envolve ainda conserva partes originais, como o reservatório de querosene que o alimentava. Uma placa dourada informa a nacionalidade francesa do aparelho de luz: F. Barbier – Paris, 1891. Com o dia claro, tudo ali repousa. Só no fim da tarde é que Anselmo acionará os controles, para acender as luzes da torre. Até lá, segue com Vágner a rotina de coletar dados nas duas estações meteorológicas locais. Temperatura, umidade relativa, velocidade, direção dos ventos. As informações são enviadas três vezes por dia à Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha, em Niterói, Rio. Uma vez por dia, alguém precisa descer ao portinho, onde ficam o gerador de força e um galpão para armazenar mantimentos. Escalado para a tarefa, Anselmo faz piada. "Vou no shopping, já volto". Na despensa improvisada fica o excesso de bagagem trazida do continente. Quando retornam da folga, os marinheiros trazem comida e água em quantidade superior à necessária para os 23 dias porque, em caso de tempestade, ninguém entra, ninguém sai da Moela. É preciso ter o suficiente até que o humor e São Pedro melhore. "Cheguei a ficar 35 dias sem poder voltar para a terra", lembra o faroleiro. [3] Beija-flor encontrado na torre do farol [4] Trilha que leva ao topo da ilha Fotos: Irandy Ribas, publicadas com a matéria A noite – O sol desce e toca o mar, escurecendo a paisagem. Anselmo se encaminha à estação de rádio, centro nervoso da ilha. De repente, as luzes do farol iniciam um giro lento, hipnotizante, no branco e vermelho que identifica a Moela para os navegantes. A navegação por satélite reduziu a importância dos faróis, admite o suboficial. Todavia,não é possível enfrentar os oceanos sem eles. "É como um carro com GPS (sigla em inglês para Global Positioning System). O computador indica as ruas, mas se nessas ruas você tiver um ponto de referência, fica mais fácil". Falando assim, convence a si mesmo de que o isolamento vale a pena. A convicção é necessária para confrontar o vento que sopra da terra firme, trazendo o cheiro de casa. Necessária para enfrentar os exames psicológicos aos quais é submetido a cada seis meses. Necessária porque, ao longe, as luzes do continente parecem indiferentes à do farol. Enquanto as contempla, Anselmo lembra os sábados ensolarados, quando pessoas parecem formiguinhas espalhadas nas areias do Tombo. Ele as vê, mas tem quase certeza de que não é visto. Poucos sabem da existência de homens na ilhota. Na solidão da torre, o silêncio permite até mesmo ouvir a farra nos transatlânticos que passam por ali, interrompendo os pensamentos do faroleiro. Pensar, aliás, é prática que se aperfeiçoa na ilha. "Nos centros urbanos, o homem passa muito tempo sem ver a própria sombra". Os fantasmas – Missão cumprida, Anselmo vai dormir, mas sem entregar-se por completo ao sono. O gerador de energia pode falhar no meio da noite, e ele teria que acionar a rotação mecânica do farol, movida por um pêndulo. Em dias de tempestade com descargas elétricas, isso é comum. A noite faz o tempo passar ainda mais devagar, amplifica o som das folhas arrastadas pelo vento. A tenente Andréia Leal, oficial que acompanha A Tribunana ilha, aconselha a não caminhar na escuridão. Há cobras venenosas e aranhas caranguejeiras por todo o lado. Os faroleiros mais antigos tinham outras razões para não sair de casa à noite. Iluminadas pelas luzes do farol, as muretas brancas costumavam revelar vultos de pessoas, principalmente quando havia estranhos por perto. As sombras, diz a lenda, são dos escravos que construíram a torre e lá morreram, enterrados longe de sua terra. Sempre que surge algum visitante, tentam pegar uma carona de volta ao continente. José Rubens Nascimento, faroleiro local por 15 anos, cansou de ouvir a história dos mais antigos, embora ele mesmo jamais tenha visto assombração alguma. O fato é que a lenda sobrevive – alimentada, talvez, pelas sombras que o facho de luz projeta à distância nas folhas de bananeira. O tempo – O céu clareia, afugentando serpentes, aranhas e fantasmas. Anselmo desperta e vai desligar o farol com um sorriso no rosto. Sabe que venceu mais um dia. O avançar do calendário traz o continente para mais perto, aproximando-o dos que ama – embora, em momento algum, lamente o exílio. Aos 44 anos de idade, 25 de Marinha, aprendeu a olhar as luzes, os ventos e a solitude da ilha com olhos de cumplicidade. Vai sentir falta de todos eles quando chegar a hora de partir. Dia desses, se estiver navegando próximo à Moela ou olhando o farol de algum ponto do continente, acene. Pode haver um homem-ilha olhando em sua direção. [5] Fenda no rochedo Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria TESOUROFendas, de todas as formas e tamanhos, intrigam aqueles que navegam ao redor da Moela. Quem as teria aberto? Circula entre os mais íntimos da ilha uma velha lenda. Ela fala sobre um tesouro escondido no século 16 pelo corsário inglês Thomas Cavendish, que aterrorizava o litoral paulista naqueles tempos. No livro Aconteceu no Velho São Paulo (Coleção Saraiva, 1954), o escritor Raimundo de Menezes menciona outro inglês, o ferreiro Taylor, estabelecido em São Paulo no ano de 1605. Certa noite, ele teria revelado à mulher, Úrsula, o paradeiro do ouro. "Está o mapa no fundo da bruaca (mala de couro), escondido e muito escondido. O tesouro está na Ilha da Moela, lá na costa de Santos. Só eu sei o lugar. Eu e Deus". |
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